Da matéria “Shalom, amé”, de Daniel Fleming, Carta Capital de 05/09/2008 14:25:41
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Um jazigo na quadra 11 do Cemitério São João Batista, em Manaus, tornou-se o ponto de confluência de duas religiões. Líder religioso de uma fé que não crê em santos nem em milagres, o rabino Shalom Imanuel Muyal é venerado como santo por fiéis católicos. Seu túmulo é um dos mais visitados do cemitério. Há flores, placas de agradecimento e uma peregrinação de crentes em busca do apoio do “milagreiro”.
Pede-se de tudo ao pés do túmulo do “santo judeu”. Percília Alfaia Salgado solicitou, por exemplo, que auxiliasse o filho a reencontrar uma moto. “Ele foi roubado. Pedi ao santo e depois de dois meses a minha graça foi atendida.” Dona Percília mandou fazer uma placa em granito em homenagem a Muyal. Do lado do túmulo, há mais de 50 placas do tipo com mensagens de louvor e agradecimento ao rabino dos milagres. Freqüentadora da Igreja Sagrado Coração de Jesus, a católica diz que Muyal atende também a pedidos de emprego e soluciona problemas econômicos. O fluxo maior de fiéis é às segundas-feiras, após a missa realizada na capela do cemitério.
A fama de fazedor de milagres do rabino deve-se à “enfermeira” que cuidou dele até a morte. Muyal chegou à Amazônia em 1908. A pedido do grão-rabino do Marrocos, à época, Rephael Ancáua, teria vindo visitar as sinagogas de Belém e Manaus. Outro objetivo teria sido arrecadar fundos para uma escola de judaísmo e para um hospital de crianças no Marrocos.